Brasil vive epidemia quase silenciosa de sífilis

Data: 06.09.2023

Às vezes parece que o ser humano não aprende com a própria história.

No início da pandemia de Aids, na década de 1980, acreditava-se que apenas os pertencentes aos chamados grupos de risco podiam contrair o HIV.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos chegou a lançar um alerta em que afirmava que a infecção atingia aqueles pertencentes aos “4Hs”: homossexuais, hemofílicos, usuários de heroína e haitianos.

A estratégia foi um fracasso: além de propagar o estigma às pessoas pertencentes a esses grupos, a recomendação passou a ideia de que quem estava fora não corria risco. Logo o vírus mostrou que não escolhia gênero ou orientação sexual, muito menos endereço. Mulheres, crianças, pobres, ricos, todos que se expunham ao vírus por via sexual ou por sangue contaminado podiam adquiri-lo.

Décadas depois, parece que pouco aprendemos a respeito da prevenção de doenças infectocontagiosas.

O Brasil vive uma epidemia quase silenciosa de sífilis: entre janeiro e junho de 2022 foram registrados 122 mil novos casos da doença, de acordo com o Ministério da Saúde. Destes, 79,5 mil foram casos de sífilis adquirida, 31 mil de gestantes e 12 mil de sífilis congênita, que é transmitida da mãe para o bebê.

A sífilis é uma doença de notificação compulsória desde 2010, portanto o país tem dados dos casos diagnosticados, embora saibamos que nem todo profissional de saúde notifica as autoridades sanitárias. Em 2015, houve 34,1 casos por 100 mil habitantes, número que saltou para 75,8 em 2018.

Longe de ser uma doença nova, a sífilis é uma infecção sexualmente transmissível cujo agente causador, a bactéria Trepanoma pallidum, é conhecida desde o início do século 20.

Altamente transmissível (estima-se que o risco de transmissão chegue a 90% por relação sexual) e nem sempre sintomática, é uma doença que se espalha com rapidez.

 

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