O Dinheiro ou o Doce

Data: 29.04.2014

Esse texto de Cecília Meireles reflete bem as inúmeras decisões que temos que tomar na vida e, essas palavras, são dirigidas aos jovens gestores que terminam seus estágios com o apoio do CEADS e partem para a vida profissional.

O dinheiro ou o doce

Tomar a experiência do outro como
garantia de sucesso para a sua vida
pode ser uma grande cilada

Questionamentos como: Será que vale a pena dedicar tanto tempo ao trabalho em troca de
uma remuneração maior? Vale a pena se empenhar 15, 16 horas por dia para acumular
riqueza ou adquirir um patrimônio o qual eu não tenho tempo ou energia para usufruir?
Será que, trabalhando muito agora, estou abrindo mão de “viver” hoje em nome da
construção de base financeira para o futuro? A que tipo de troca estou realmente disposto?
Dilemas como esses são comuns ao longo da vida e certamente não há uma resposta que
atenda aos anseios de todos.
A dificuldade de situações como essas reside no aspecto de ambas as possibilidades soarem
interessantes. E elas são incompatíveis –é preciso escolher uma.
No poema “Ou isto ou aquilo”, Cecília Meireles diz: “Ou guardo o dinheiro e não compro o
doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro”. Ela consegue representar as dificuldades
diante das escolhas que fazemos frente às oportunidades que a vida nos oferece.
Escolher implica, necessariamente, abrir mão de outras coisas e é difícil lidar com o
sentimento da perda.
O que pode minimizar esse sentimento é ter consciência de que quem está efetivamente
decidindo é você –com base nos seus valores, e não de outros (pais, superiores, amigos),
nas suas crenças, diante dos seus projetos de curto e médio prazos (próximos meses a até
dois ou três anos) e na percepção de que, naquele momento, é sua melhor alternativa. É
preciso ter a consciência de que não há certo ou errado, mas, sim, o mais adequado
naquele momento para a sua vida.
Você conhecerá pessoas que fizeram opções diferentes e que obtiveram resultados tanto
positivos quanto negativos para situações semelhantes. Quem vive na sua pele é você.
Assim, tomar a experiência do outro como garantia de sucesso para a sua vida pode ser
uma grande cilada.
Algumas decisões são intransferíveis e ser responsável por elas diante das incertezas e das
possibilidades é o risco que se corre. Entretanto, vale lembrar que errar faz parte do jogo, é
possível mudar a qualquer momento e que se aprende em todas as situações.

ADRIANA GOMES é coordenadora do Núcleo de Estudos e Negócios em Desenvolvimento de Pessoas na ESPM.

Fonte: Folha de São Paulo