Mal de Alzheimer: avanços nos exames de prevenção

Data: 10.07.2014

Exame de sangue pode prever o aparecimento do mal de Alzheimer

Resultados podem ajudar no desenvolvimento de novas drogas para prevenir a doença
Teste conseguiu predizer o surgimento da doença com um ano de antecedência e 87% de precisão

FERNANDO TADEU MORAES DE SÃO PAULO

Uma colaboração internacional liderada por cientistas do King’s College, na Inglaterra, identificou dez proteínas no sangue que podem predizer o aparecimento do mal do Alzheimer.

A pesquisa, publicada na revista “Journal of the Alzheimer’s Association”, identificou biomarcadores que podem prever o surgimento do alzheimer com um ano de antecedência e 87% de precisão em pessoas com problemas de memória.

Os cientistas usaram amostras de sangue de 1.148 pessoas. As amostras foram testadas para 26 proteínas previamente identificadas associadas ao mal de Alzheimer.

Depois, os cientistas fizeram testes para estabelecer quais dessas proteínas poderiam predizer a progressão do comprometimento cognitivo leve para alzheimer. O resultado foi a identificação de dez proteínas do sangue capazes de prever se um indivíduo vai desenvolver alzheimer.

“Problemas de memória são muito comuns. O desafio é identificar quem são as pessoas com mais chance de desenvolver demência. Nosso estudo é a culminação de um trabalho de muitos anos para identificar quais proteínas são clinicamente relevantes”, disse Abdul Hye, do Instituto de Psiquiatria do King’s College, em comunicado.

Entre 5% e 10% das pessoas com comprometimento cognitivo leve vão desenvolver alguma forma de demência no período de um ano, sendo o alzheimer a demência mais comum no mundo. No Brasil, 4,9% das pessoas com mais de 65 anos têm a doença.

“O estudo tem mais relevância para a pesquisa do que para a prática clínica. Isso porque mesmo que identifiquemos que uma pessoa pode desenvolver o alzheimer, ainda não há nada que possamos fazer para evitar a doença”, diz Jerusa Smid, do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da USP.

As proteínas identificadas, explica Smid, podem ser importantes para o desenvolvimento e teste de novas drogas contra o alzheimer. “Se eu consigo identificar alguém que sabidamente irá desenvolver o mal de Alzheimer, eu devo testar novas drogas para a doença justamente nesses indivíduos.”

Segundo os autores do trabalho, os próximos passos são validar os resultados com amostras maiores de pessoas a fim de melhorar a precisão e reduzir o risco de um diagnóstico errado.

 

Fonte: Folha de S.Paulo