Estudos evidenciam papel da prevenção
Estudo epidemiológico realizado pela Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul – estado onde a taxa de sífilis congênita foi de 8,2 em 2014 – mostra que, de 2010 a junho de 2015, das 4.797 mulheres que transmitiram verticalmente sífilis para seus filhos, em 54,6% dos casos a sífilis materna foi detectada durante o pré-natal; 32,7% no momento do parto; 5,4% após o nascimento e 0,5% não foi realizado. Apenas 2,8% das mães receberam tratamento adequado, 29,2% não receberam, e 55,6% foram submetidas a tratamentos inadequados. Os números da Secretaria coincidem com pesquisas realizadas com puérperas com antecedentes de sífilis. No Pará, pesquisa realizada com 46 mulheres constatou que, das gestantes participantes do pré-natal, apenas 55,6% fizeram o exame de rastreio VDRL, somente 53,8% das diagnosticadas receberam tratamento adequado, e apenas 13,9% repetiram o teste no 3º trimestre de gravidez. Em São Paulo, em 33 casos de sífilis congênita pesquisados, 72,7% das mães tinham realizado o pré-natal; no entanto, somente 54,2% tiveram a doença diagnosticada na gravidez. Há ainda expressivos casos em que a mulher submete- -se a tratamento e o parceiro evita tomar a penicilina benzatina. Pesquisa realizada entre 2000 e 2009, no Ceará, mostrou que em todos os anos o número de parceiros não tratados foi superior ao daqueles que se submeteram a tratamento. Outro trabalho, realizado em Fortaleza, em 2008, mostrou que apenas 43,8% dos parceiros de gestantes com sífilis foram comunicados do diagnóstico e tratados de forma correta. Já em Belo Horizonte, verificou-se que 79% das mães de crianças que nasceram com sífilis congênita fizeram pré-natal, e 55% delas tiveram o diagnóstico da doença, mas em 66% dos casos os parceiros não foram tratados. De maio a agosto de 2014, pesquisa realizada em Fortaleza evidenciou as lacunas no acolhimento à gestante. Em visitas a 24 unidades de saúde, a equipe de pesquisadores constatou que o teste rápido de VDRL estava disponível em 62,5% das unidades e que a aplicação tinha sido incorporada na rotina do pré-natal em apenas 55,6% dessas unidades. Em outra pesquisa, realizada em 89 unidades de saúde, de julho a outubro de 2011, constatou-se que somente 21,3% delas tinham profissionais capacitados para atender casos de sífilis e apenas 16,9% aplicavam penicilina benzatina em gestantes. Já levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, no Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ), no ciclo 2013/2014, detectou que apenas metade dos postos de saúde aplicava penicilina benzatina. O levantamento não mostra, no entanto, se a não aplicação se deu por falta de insumo, estrutura ou pessoal.